Em 1880 nasce Hellen Keller,
nos Estados Unidos. Hellen ficou cega e surda aos 19 meses de idade,
por causa de uma doença. Aos 7 anos Hellen havia criado cerca de 60
gestos (br: sinais) para se comunicar com os familiares. Anne Sulivan, a
professora de Hellen, isolou-a do resto da família, conseguindo assim
disciplinar e ensinar Hellen. Sullivan ensina a Hellen usando o método
de Tadona, que consiste em tocar os lábios e a garganta da pessoa que
fala, sendo isso combinado com dactilologia na palma da mão. Hellen aprendeu a ler inglês, francês, alemão, grego e latim, através do braile.
Aos 24 anos formou-se, em Radcliffe. Foi sufragista, pacifista e
apoiante do planeamento familiar. Fundou o Hellen Keller International,
uma organização para prevenir a cegueira. Publicou muitos livros e foi
galardoada por Lydon B. Johnson, com a Presidential Medal od Freedoms.
Associativismo
Quando Sicard morreu, o Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Paris
iniciou um período conturbado. Além de sucessivos diretores que nunca
conseguiram estabelecer uma liderança forte, as questões institucionais
eram tratadas como questões familiares e o Institudo começou a perder
crédito. Como ao longo de toda a história dos surdos, nesta época a luta
entre adeptos do oralismo e do gestualismo continuava, dentro e fora do
Instituto.
Bébian fundou uma escola privada para surdos, em Paris, onde usava o
seu defendido método oralista, sendo proibido aos alunos do Instituto
Nacional que contactassem com Bébian, quer dentro quer fora do
Instituto.
Em 1829 o
Instituto tinha apenas dois professores Surdos e apenas alunos do sexo
masculino usufruíam de suas aulas; não existiam pessoas Surdas no
conselho diretivo, no conselho colsultivo, na formação vocacional, nem
mesmo entre os monitores. Por estarem cientes destes problemas, alguns
professores uniram-se na tentativa de mudar o rumo da situação e surgem
então duas frentes ideológicas, de um lado os defensores do método
oralista, de outro lado os defensores do gestualismo.
No final de 1830
houve um grande movimento de pessoas Surdas, que mexeu com as bases do
instituto. Ferdinad Berthier, líder de uma delegação de surdos, escreveu
ao Rei Luís Filipe, de França, pedindo a readmissão de Bébian na
direção do Instituto - o que chocou de tal modo a administração do
Instituto que apenas aumentou as lutas e os desentendimentos de adeptos
oralistas e gestualistas, que entraram em ruptura.
Neste época, quase todas as escolas de Surdos em França usavam os
métodos de Bébian na educação dos surdos e criticavam as posições do
Instituto.
Em 1834,
um comité de dez membros Surdos liderados por Berthier organizou um
banquete em honra do Abade de L'Épée, banquete esse que se tornou um
evento anual, usado pelos Surdos como fórum a fim de publicitar as suas
ideias e exigências. Nascia assim o Movimento Surdo, numa época em que
pessoas Surdas tomavam conta de suas vidas e tomavam consciência do que
os rodeava, lutando por seus direitos e resolvendo seus próprios
problemas. Com o tempo, estes banquetes tornaram-se festivais de Língua
Gestual.
Em 1838 foi fundada a Sociedade Central de Assistência e Educação de Surdos-Mudos - a primeira associação de Surdos do mundo.
Congresso de Milão
Antes do Congresso, na Europa, durante o século XVIII, surgiam duas tendências distintas na educação dos surdos: o gestualismo (ou método francês) e o oralismo
(ou método alemão). A grande maioria dos surdos defendia o gestualismo
enquanto que apenas os ouvintes apoiavam o oralismo - por exemplo Bell, nos EUA, fazia campanha a favor deste método, entre muitos outros professores, médicos, etc.
Em 1872, no Congresso de Veneza, decidiu-se o seguinte:
- O meio humano para a comunicação do pensamento é a língua oral;
- Se orientados, os surdos lêem os lábios e falam;
- A língua oral tem vantagens para o desenvolvimento do intelecto, da moral e da linguística
O Congresso de Milão,
em 1880, foi um momento obscuro na História dos surdos, uma que que lá
um grupo de ouvintes, tomou a decisão de excluir a língua gestual do
ensino de surdos, substituindo-a pelo oralismo (o comité do congresso
era unicamente constituído por ouvintes.).
Em consequência disso, o oralismo foi a técnica preferida na educação
dos surdos durante fins do século XIX e grande parte do século XX.
O Congresso durou 3 dias, nos quais foram votadas 8 resoluções, sendo
que apenas uma (a terceira) foi aprovada por unanimidade. As resoluções
são:
- O uso da língua falada, no ensino e educação dos surdos, deve preferir-se à língua gestual;
- O uso da língua gestual em simultâneo com a língua oral, no ensino de surdos, afecta a fala, a leitura labial e a clareza dos conceitos, pelo que a língua articulada pura deve ser preferida;
- Os governos devem tomar medidas para que todos os surdos recebam educação;
- O método mais apropriado para os surdos se apropriarem da fala é o método intuitivo (primeiro a fala depois a escrita); a gramática deve ser ensinada através de exemplos práticos, com a maior clareza possível; devem ser facultados aos surdos livros com palavras e formas de linguagem conhecidas pelo surdo;
- Os educadores de surdos, do método oralista, devem aplicar-se na elaboração de obras específicas desta matéria;
- Os surdos, depois de terminado o seu ensino oralista, não esqueceram o conhecimento adquirido, devendo, por isso, usar a língua oral na conversação com pessoas falantes, já que a fala se desenvolve com a prática;
- A idade mais favorável para admitir uma criança surda na escola é entre os 8-10 anos, sendo que a criança deve permanecer na escola um mínimo de 7-8 anos; nenhum educador de surdos deve ter mais de 10 alunos em simultâneo;
- Com o objectivo de se implementar, com urgência, o método oralista, deviam ser reunidas as crianças surdas recém admitidas nas escolas, onde deveriam ser instruídas através da fala; essas mesmas crianças deveriam estar separadas das crianças mais avançadas, que já haviam recebido educação gestual, a fim de que não fossem contaminadas; os alunos antigos também deveriam ser ensinados segundo este novo sistema oral.
Uma década depois do Congresso de Milão, acreditava-se que o ensino da língua gestual quase tinha desaparecido das escolas em toda a Europa, e o oralismo espalhava-se para outros continentes.
Segunda Guerra Mundial
Em 1920,
antes da chegada dos nazis ao poder, surgiu nos EUA e na Alemanha um
movimento da comunidade médica, com apoio das sociedades em questão, em
prol da esterilização de doentes mentais e psicopatas criminosos (na
Alemanha este movimento ficou conhecido como higiene racial). Em
1933, com a chegada dos nazis ao poder, este movimento teve suporte
político. Nesse mesmo ano, na Alemanha, foi aprovada uma lei para
esterilizar as pessoas portadoras de doenças genéticas transmissíveis,
incluindo a surdez.
Na época, Berlim continha cerca de vinte e cinco comunidades de Surdos.
Em Junho de 1933,
o jornal alemão mencionou o primeiro Surdo a pertencer às S.A. e uma
unidade militar composta dos Surdos; um ano mais tarde, esta unidade foi
dissolvida, sob pretexto de que o grupo não reunia o perfil da imagem
do nazismo ideal.
Entretanto, os Surdos começaram a perder os seus direitos:
- os programas recreativos para surdos foram extintos;
- crianças surdas foram expulsas das escolas e denunciadas às autoridades;
- gradualmente, as escolas de Surdos foram encerradas e convertidas em hospitais militares.
Dados comprovam que, em 1937, 95% das crianças surdas pertenciam à juventude hitleriana, tendo a letra G (em alemão, inicial de gehoerlosan) marcada no ombro do casaco.
Posteriormente, assim que começou a guerra, a Alemanha passou da
esterilização para a eutanásia, tanto por razões económicas, como por
razões ideológicas. Em 1941, era comum o uso de eutanásia nos hospitais,
onde eram mortos bebés com deficiência, incluindo surdos.
Posteriormente, tornou-se comum a prática do aborto, que era aplicada
quando se suspeitava que os fetos poderiam ter deficiências congénitas,
ou qualquer tipo de doença, como no caso da surdez.
Poucos surdos escaparam, sobrevivendo em guetos e nos campos de concentração na Alemanha, Polónia e Hungria.
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