Charles Michel de L'Épée,
nascido em 1712, ensinava, numa primeira fase, os Surdos, por motivos
religiosos. Muitos o consideram criador da língua gestual. Embora
saibamos que a mesma já existia antes dele, L'Épée reconheceu que essa
língua realmente existia e que se desenvolvia (embora a não considerasse
uma língua com gramática). Os seus principais contributos foram:
- criação do Instituto Nacional de Surdos-Mudos, em Paris (primeira escola de Surdos do mundo);
- reconhecimento do Surdo como ser humano, por reconhecer a sua língua;
- adopção do método de educação colectiva;
- reconhecimento de que ensinar o Surdo a falar seria perda de tempo, antes que se devia ensinar-lhe a língua gestual.
Jacob Rodrigues Pereira,
educador de Surdos que usava gestos mas sempre defendeu a oralização
dos Surdos. Nunca publicou nenhum dos seus estudos. Thomas Braidwood,
fundou uma escola de Surdos, em Edimburgo
(a primeira escola de correcção da fala da Europa). Samuel Heinicke,
ensinou vários Surdos a falar, criando e definindo o método hoje
conhecido como Oralismo.
Até à Idade Contemporânea
Depois da Revolução Francesa e durante a Revolução Industrial, entrou-se numa era de disputa entre os métodos oralistas e os baseados na língua gestual. Roch-Ambroise Cucurron Sicard
foi um abade francês, famoso pelo seu trabalho como educador de Surdos;
Sicard fundou a escola de Surdos de Bordéus, em 1782, posteriormente
sucedeu a L'Épée, como director do instituto criado pelo mesmo, também
apoiou a criação de vários institutos de surdos em todo o país. Pierre Desloges,
francês, tornou-se surdo aos 7 anos, devido à varíola, foi defensor da
língua gestual, tendo sido autor do primeiro livro publicado por um
surdo, onde revelava a sua indignação contra as ideias do Abade
Deschamps, que havia publicado um livro que criticava a língua gestual.
Desloges, a esse respeito, declarou o seguinte:
Tal como o francês vê a sua língua desvirtuada por um alemão que apenas conhece algumas palavras da língua francesa, penso que devo defender a minha língua contra as acusações falsas deste autor. |
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Desloges, em seu livro, defende a ideia de que a língua gestual
(Antiga Língua Gestual Francesa) já existia, mesmo antes do aparecimento
das primeiras escolas de surdos, como criação dos surdos e sua língua
natural.
Jean Itard, primeiro médico a interessar-se pelo estudo da surdez e
das deficiências auditivas, usava os seguintes métodos nas suas
pesquisas: cargas eléctricas, sangramentos, perfuração de tímpanos,
entre outras.
Jean Massieu foi um dos primeiros professores surdos do mundo. Laurent Clerc, surdo francês, educador, acompanhou Thomas Hopkins Gallaudet,
educador ouvinte, aos EUA, onde abriram uma escola para surdos, em
Abril de 1817, a Escola de Hartford. Gallaudet instituiu nessa escola a
Língua Gestual Americana, passou ainda a seu usado o inglês escrito e o
alfabeto manual. Em 1830, quando Gallaudet se reformou, já existiam nos
Estados Unidos cerca de 30 escolas para surdos.
Edward Miner Gallaudet, filho de Thomas Gallaudet e também educador
de surdos, lutou pela elevação do estatuto do Instituto de Colúmbia a
colégio. Esse colégio deu origem, em 1857, à Universidade Gallaudet, onde for presidente por 40 anos.
Nesse interím, Alexander Graham Bell,
cientista estadunidense, trabalhava na oralização dos surdos. Casou com
uma surda, Mabel. Bell era grande defensor do oralismo e opunha-se à
língua gestual e às comunidades de surdos, uma vez que as considerava
como um perigo contra a sociedade. Assim sendo, Bell defendia que os
surdos não deveriam poder casar entre si e deveriam obrigatoriamente
frequentar escolas normais, regulares. No entanto, em 1887 Bell, no
Congresso de Milão, admitiu que os surdos deveriam ser oralizados
durante um ano, mas se isso não resultasse, então poderiam ser expostos à
língua gestual. Esta luta entre o oralismo e a língua gestual continua até aos nossos dias.
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